Depois que o Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) decidiu, sem unanimidade, cortar a Selic para 10,50% ao ano, os títulos públicos de renda fixa passaram a entregar taxas maiores. O Tesouro IPCA+ 2035 chegou a pagar juro real de 6,33%. Mas mesmo antes das altas, analistas já estavam otimistas com a classe, que ainda deve entregar retornos altos em 2024. 

A avaliação dos especialistas é de que a precificação de juros mais altos e, consequentemente, maior aversão ao risco, trará retornos maiores para os ativos mais seguros. “Estamos em um momento muito favorável para a renda fixa, de maneira geral”, diz o CEO da Sparta, Ulisses Nehmi. “Todas as curvas de juros estão em patamares altos”.

Tesouro Selic

“Pós-fixados (Tesouro Selic) seguem como carro-chefe, é a renda fixa de menor volatilidade”, explicou Fernando Ferreira, estrategista-chefe e head do research da XP, em live promovida por InfoMoney e XP, nesta quarta-feira. 

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Analistas enxergam janela generosa para papéis que pagam 11,70% ao ano. “Vemos o prefixado para 2035 retornando ao patamar de remuneração de 10% a 10,50% ao ano”, diz Caio Schettino, head de alocações da Criteria. Se a expectativa se confirmar, o fechamento ficaria entre 120 e 170 pontos-base ainda em 2024. 

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Ainda que os prefixados tenham voltado a ter prêmio, é preciso tomar cuidado. Catherine Cruz, CIO da Integrity Wealth Management lembra que “tem prêmio porque tem risco”, por isso gosta do prazo médio intermediário. 

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Tesouro IPCA+

Já os títulos atrelados à inflação, que protegem o poder de compra do investidor, também são muito elogiados, tanto para carregar até o vencimento como para lucrar com a venda antecipada. “Projetamos fechamento de 60 a 80 pontos-base (0,6 a 0,8 ponto percentual) nos títulos de inflação”, diz Schettino. 

Catherine prefere o Tesouro IPCA+ de prazo intermediário, entre 2030 e 2035: “consegue ter uma gordura boa, sem tanto risco de duration” que os longos carregam. Já os curtos “podem ter estresse” com a expectativa por um Banco Central mais favorável ao afrouxamento monetário, diz.

Debêntures

Na renda fixa privada, as debêntures se destacam por serem acessíveis ao investidor pessoa física e queridinhas do mercado, em geral. Porém, os spreads (juros adicionais que um ativo de crédito oferece em relação aos dos títulos públicos) desses ativos caíram nos últimos meses. Houve, inclusive, emissões com remuneração menor que a de títulos públicos. Agora há, na avaliação de Nehmi “uma postura mais racional” e títulos com spread muito baixo não têm demanda. 

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Ele prefere os ativos considerados de alta qualidade, emitidos por empresas com alta nota de crédito, com geração de caixa previsível e robusta. Esses papéis pagam menos que outros emitidos por empresas consideradas mais arriscadas, mas são mais indicados para o momento, segundo o especialista: “O crédito está num momento favorável, mas não necessariamente ideal para as empresas, [pois] representa custo. Então é melhor ficar no crédito privado de melhor qualidade do que se arriscar”. 

O momento de alta nas taxas de títulos públicos pode ser desafiador para as empresas que precisam de financiamento. Afinal, elas precisam pagar mais para pegar dinheiro emprestado no mercado. Daí a necessidade de procurar empresas mais seguras. “Hoje você encontra crédito de alta qualidade que ainda soma 1 ou 1,5 ponto percentual em cima da base já generosa dos títulos públicos”, diz Nehmi.

Setores

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Essas oportunidades estão, principalmente, nos setores de energia e saneamento. São áreas onde as empresas têm contratos longos de concessão – o que traz grande probabilidade de receitas – e são demandadas independentemente do ciclo econômico: mesmo na crise, os consumidores ainda precisam dos serviços de água, esgoto e energia elétrica. 

Nesses setores, os especialistas destacam como sólidos os papéis emitidos Sabesp, que atende milhões de pessoas no estado de São Paulo, Aegea, que venceu grande parte dos leilões de saneamento básico nos últimos anos, e, no setor de energia, Equatorial e Transmissão Paulista