As taxas dos DIs fecharam a quinta-feira em queda firme nos contratos a partir de janeiro de 2026, superior a 25 pontos-base em alguns vencimentos, com o mercado corrigindo preços após as altas recentes em um dia de recuo dos rendimentos dos Treasuries e de declarações do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, e do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, em defesa do ajuste fiscal.

Os dados do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15), divulgados pela manhã, foram mal-recebidos pelo mercado, mas não foram suficientes para evitar a redução de prêmios na curva brasileira.

No fim da tarde a taxa do DI para janeiro de 2025 — que reflete as apostas para a Selic no curtíssimo prazo — estava em 11,222%, ante 11,228% do ajuste anterior. A taxa do contrato para janeiro de 2026 marcava 12,61% ante 12,757%.

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Entre os contratos mais longos, a taxa para janeiro de 2030 estava em 12,72%, ante 12,846%, e o contrato para janeiro de 2033 tinha taxa de 12,6%, ante 12,843%.

No início do dia o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou que o IPCA-15 subiu 0,54% em outubro, ante alta de 0,13% em setembro. A expectativa de economistas ouvidos pela Reuters era de elevação de 0,50%. Em 12 meses até outubro, o indicador, considerado uma espécie de prévia para a inflação oficial, subiu 4,47%, acima dos 4,12% do mês anterior e a projeção de 4,43%.

“Este IPCA-15 elevado, com pressão altista dos alimentos e de energia elétrica, somado à piora em serviços subjacentes, reforça a expectativa de aceleração dos juros por parte do BC na próxima reunião do Copom, em novembro”, avaliou o departamento de Pesquisa Econômica do Banco Daycoval, em análise enviada a clientes.

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Em reação, as taxas dos DIs sustentaram altas no início do dia, em sintonia com o avanço do dólar ante o real.

Ao longo da manhã, no entanto, as taxas futuras foram perdendo força na esteira do recuo dos rendimentos dos Treasuries no exterior, após alguns balanços corporativos positivos nos EUA compensarem preocupações com a possível eleição do republicano Donald Trump para a presidência.

Pouco depois das 14h as taxas passaram a ceder com mais força no Brasil, em paralelo a declarações de autoridades nos Estados Unidos. Em entrevista coletiva às margens das reuniões da trilha de finanças do G20, em Washington, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, defenderam a adoção de medidas que reforcem uma trajetória sustentável das contas públicas.

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Segundo Campos Neto, o anúncio de medidas fiscais a ser feito pelo governo pode minimizar reações observadas no mercado relacionadas à preocupação com as contas públicas.

“A gente entende que vamos ter alguns anúncios no curto prazo que vão endereçar em parte essa reação do mercado em relação ao tema fiscal”, disse.Já Haddad disse não ver necessidade de reformar o arcabouço fiscal, mas sim de mostrar que ele é crível.

“É o fortalecimento de uma decisão que já foi tomada (ao aprovarmos o arcabouço)”, disse o ministro. “Não se trata de reformular, se trata de reforçar.”

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Em outro evento, também em Washington, o diretor de Organização do Sistema Financeiro e Resolução do BC, Renato Dias Brito Gomes, afirmou que o principal fator que tem impulsionado os prêmios de risco no Brasil é a percepção dos investidores sobre a questão fiscal. Ao mesmo tempo, ele reforçou o compromisso do BC com o centro da meta de inflação, de 3%.

O mercado gostou do que ouviu. A taxa do DI para janeiro de 2030, que marcou a máxima de 13,04% às 9h39, em alta de 7 pontos-base ante o ajuste anterior, na esteira do IPCA-15, despencou para a mínima de 12,68% às 16h18, em baixa de 30 pontos-base já após as declarações das autoridades brasileiras.

“As taxas no Brasil acompanham o exterior, onde os (rendimentos dos) Treasuries estão em queda, mas a gente vem também de uma semana muito forte, de alta nas taxas. Então me parece sobretudo um movimento de correção”, avaliou durante a tarde o head de renda fixa da Manchester Investimentos, Rafael Sueishi.

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O movimento não alterou a perspectiva para o próximo encontro do Comitê de Política Monetária (Copom) do BC, que terá desafios adicionais, como mostrou a Reuters: o colegiado se reunirá em 5 e 6 de novembro para deliberar sobre os juros, hoje em 10,75%, sem ter ainda dados definitivos sobre o resultado da eleição norte-americana de 5 de novembro.

Perto do fechamento a curva precificava 92% de probabilidade de alta de 50 pontos-base da taxa básica Selic em novembro, contra 8% de chance de elevação de 75 pontos-base. Na quarta-feira os percentuais eram de 90% e 10%, respectivamente.

Às 16h54, o rendimento do Treasury de dez anos –referência global para decisões de investimento– caía 4 pontos-base, a 4,204%.

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