O governo do Estado de São Paulo apresentou na sexta o prospecto para a oferta de privatização da Sabesp (SBSP3) e, segundos advogados ouvidos pelo Broadcast, a oferta veio dentro do esperado e deve atrair investidores, por se tratar de um ativo importante e com grandes possibilidades de crescimento.
Para Paulo Dantas, sócio do Castro Barros Advogados, é mais ou menos o que o mercado estava esperando. “Além de estar falando de uma área da região da Metropolitana de São Paulo que é densamente povoada, então tem um valor tanto do ponto de vista ambiental quanto do ponto de vista econômico interessante. A oferta vem seguindo o script do governo. O governo tem cuidado muito disso para evitar qualquer questionamento”, disse.
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Já Alberto Sanz, sócio do Sogayar e Alcântara Advogados, é ainda mais otimista com a privatização da Sabesp. “Veio em linha com que estava sendo apresentado, mas com uma boa novidade, com o ‘right to match’, que é a oportunidade daquele que apresenta o book com valor mais baixo e melhores condições, poder fazer uma nova oferta e levar o leilão. O processo está muito bem pensado, muito bem estruturado. O governo tem dado a credibilidade e tem reafirmado desde o início, na campanha, que isso privatização iria ocorrer, então estou muito animado com a oportunidade”, afirma.
A expectativa é que a oferta movimente cerca de R$ 16 bilhões, conforme as premissas publicadas no documento de apresentação da transação, divulgado na noite de ontem. O governo espera concluir a operação em 22 de julho.
Sobre o mecanismo ‘right to match’, Percy Soares Neto, consultor e ex-diretor executivo da Associação e Sindicato Nacional das Concessionárias Privadas de Serviços Públicos de Água e Esgoto (Abcon), destaca que o mecanismo foi apresentado de última hora, mas diz que ainda é cedo para avaliar como as empresas vão interpretá-lo. “Quem se beneficia com isso? Quem dos competidores vê com melhores olhos o mecanismo colocado?”, questiona Soares.
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Sobre o dispositivo, Dantas diz que “estão tentando evitar aventureiros. É saudável e pode afastar alguns aventureiros. Ainda não está muito claro quando será feita essa avaliação e quando esse mecanismo será utilizado para proteger o ativo. A princípio acho interessante”, explica.
Para Sanz, porém, o mecanismo ‘right to match’ foi muito genérico. “A gente precisaria entender ainda, mas acho que será dada a regra clara de como vai ser o jogo. Só foi dada a ideia, mas evidentemente, isso tem que ser muito claro e bem definido o procedimento, isso é um fato. Entendo como uma estruturação inteligente de uma forma de poder arrecadar mais ao governo e ao mesmo tempo você empresa investidora ter a possibilidade de poder virar o jogo. Acho isso muito interessante. A concorrência gera qualidade e a qualidade gera resultado”, afirma.
Dantas acredita que a oferta possa atrair até mais interessados do que os dois que já tem sido apontados como nomes certos na oferta. “Apesar de até o momento terem apenas duas empresas oficialmente interessadas na oferta da Sabesp, a Aegea e a Equatorial, ainda há esperança de novas empresas entrantes na forma de sócio de referência. A gente sabe que tem alguns grupos interessados, grandes. Tem se falado bastante na Aegea e na Equatorial, mas é possível que surjam outras, porque é um ativo muito interessante”, disse Dantas.
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Sanz lembra que além das duas empresas citadas, há também sinalizações de interesse por parte do empresários Nelson Tanure em entrar na operação, mas este ainda não está oficializado. “Tomara que entrem mais empresas na disputa. Um ativo dessa envergadura, dessa estrutura, deveria ter mais interessados. Ainda dá tempo. Seria bom para todos”, afirma.