Em meio a um cabo de guerra entre governo federal e Legislativo, com uma série de desavenças entre o “centrão” e o Executivo, além do descontentamento de integrantes da base aliada, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) recebeu críticas também do MDB, partido que ocupa três pastas na Esplanada dos Ministérios.
O motivo da insatisfação foi o pedido público de voto de Lula em favor do pré-candidato do PSOL à prefeitura de São Paulo, Guilherme Boulos, que será apoiado pelo PT nas eleições de outubro deste ano. O presidente pediu voto para o deputado federal durante o evento do Primeiro de Maio (Dia do Trabalho), em São Paulo.
O ato pode configurar, em tese, propaganda eleitoral antecipada − conduta vedada pela legislação eleitoral e que pode implicar cobrança de multa pela Justiça Eleitoral. A Lei das Eleições (Lei nº 9.504/1997) considera “propaganda eleitoral antecipada” o pedido explícito de voto antes do início do prazo autorizado pela Justiça Eleitoral para o período de campanha. Pela regra, as campanhas começam oficialmente em 16 de agosto, logo após o prazo de registro de candidaturas.
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Pelo X (antigo Twitter), o presidente nacional do MDB, deputado federal Baleia Rossi (SP), subiu o tom contra Lula, vocalizando a irritação do MDB com a postura de Lula pró-Boulos. Em São Paulo, o candidato emedebista é o atual prefeito Ricardo Nunes, que tentará a reeleição.
“Em vez de ofertar esperança aos trabalhadores no 1º de maio, o presidente da República foi a São Paulo com a estrutura do governo para fazer campanha eleitoral contra o MDB, partido com três ministros que têm feito um trabalho exemplar para o país. Respeitar a lei eleitoral é respeitar a democracia. O chefe da Nação deveria dar o exemplo”, escreveu Baleia.
Na mensagem, o presidente do MDB destacou, ainda que a legenda conta com 44 deputados e 11 senadores, que, segundo ele, “têm tido uma ação colaborativa-propositiva desde 2023”.
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“Do MDB partiram as iniciativas da PEC 45 da Reforma Tributária, o projeto Pé de Meia (cartão10) e a COP-30 em Belém. Todas adotadas pelo atual governo federal”, completou o deputado.
Depois de romper com o PT em 2016, por causa do impeachment de Dilma Rousseff (PT), que levou Michel Temer (MDB) à Presidência da República, o MDB voltou ao poder central no governo Lula, com três ministros: Simone Tebet (Planejamento e Orçamento), Jader Filho (Cidades) e Renan Filho (Transportes).
Nunes promete ir à Justiça
O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), afirmou, na quarta-feira (1º), que recorrerá à Justiça Eleitoral após o que classificou como campanha antecipada de Lula em favor de Boulos, seu rival direto na corrida eleitoral na capital paulista.
“Parece que o presidente ainda está no palanque de 2022 e já pensando no palanque de 2026. Como presidente da República, tem uma atitude que claramente é um desrespeito à lei eleitoral. Não tem outra palavra a não ser lamentar”, criticou o prefeito, que deve receber apoio do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) na disputa eleitoral.
“Não há outro caminho a não ser judicializar para buscar a reparação por conta de um ato desses”, completou Nunes.
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