O Ibovespa fechou a sexta-feira em queda. Adentrou o período da tarde perdendo o nível dos 126 mil pontos e não conseguiu se recuperar no fechamento, contaminado pelo desempenho dos índices americanos após dados sobre o mercado de trabalho (payroll) e as encomendas à indústria, ambos dos Estados Unidos, aumentarem as preocupações sobre o pulso da maior economia do mundo.

O Ibovespa fechou o dia em baixa de 1,21%, aos 125.854,09 pontos, entre mínima de 125.730,94 pontos (-1,31%) e máxima de 128.103,59 pontos (+0,56%) na sessão, com giro financeiro de R$ 23,9 bilhões. Na semana, o índice acumulou queda de 1,29%; e no ano, de -6,21%.

A probabilidade de uma recessão nos EUA “começou a se desenhar um pouco mais forte” após os dados desta sexta-feira, segundo Rodrigo Alvarenga, sócio da One Investimentos, acrescentando que a potencial recessão impactaria negativamente o mercado acionário. Por isso, “principalmente as ações ligadas ao mercado externo acabam sofrendo um pouco mais”, avalia. A maior queda do principal índice da B3 ficou para Embraer (EMBR3;-6,59%), também com uma realização de lucros, visto que a ação ainda acumula alta de mais de 75% em 2024.

Já WEG (WEGE3) recuou 5,72%, em sessão de ajustes após renovar máximas históricas na véspera, repercutindo declarações de executivos sinalizando manutenção de margens elevadas no curto prazo, depois de apresentar um resultado acima das previsões para o segundo trimestre na quarta-feira. A queda ocorre após o papel acumular um salto de mais de 15% nos últimos dois pregões.

O cenário de aversão a risco externo penalizou inclusive o petróleo. Com a queda superior a 3% dos contratos de petróleo Brent (que até tocou mínima desde janeiro) e WTI, as ações da Petrobras cederam 3,04% (ON; PETR3) e 3,01% (PN PETR4, na mínima intradia).

Outro destaque fica para Eletrobras (ELET3;ELET6), que fechou em queda de 4,51% (ON) e 3,11% (PNB), após a Advocacia-Geral da União confirmar, conforme antecipado pelo Broadcast, que pediu ao Supremo Tribunal Federal (STF) mais 45 dias para tentar uma conciliação sobre uma ação que discute o poder de voto da União no conselho da empresa.

Também com forte peso no índice, Vale ON (VALE3;-1,39%) e grandes bancos, como Unit do Santander Brasil (SANB11;-3,12%) e Itaú PN (ITUB4;-1,26%) cederam ao território negativo – a exceção no setor financeiro ficou para Bradesco PN (BBDC4), que subiu 0,64%.

Mas a queda não foi generalizada, e 48% da carteira teórica conseguiu se sustentar no terreno azul. As ações cíclicas – consideradas mais sensíveis à curva de juros – se beneficiaram do entendimento de que o Federal Reserve (Fed, banco central americano) pode vir a realizar um relaxamento monetário ainda mais agressivo. Segundo a plataforma de monitoramento do CME Group, o cenário mais provável é de um corte acumulado de 125 pontos-base nos juros do Fed até dezembro. Assim, em efeito cascata, os Treasuries derreteram e levaram ao fechamento da curva de juros brasileira, afetando, por fim, ações cíclicas listadas na B3.

“O mercado começa a fazer uma rotação na carteira. Com a indicação de que o Fed cortará juros em setembro ou, no mais tardar, em dezembro, o investidor começa a se posicionar com mais força nas cíclicas, que são ações mais descontadas no Ibovespa e mais sensíveis a juros”, afirma Charo Alves, especialista em Renda Variável e sócio da Valor Investimentos. Assim, Magazine Luiza (MGLU3;+7,13%) e Eztec (EZTC3;+6,51%), por exemplo, dominaram a ponta positiva do índice, sendo que a construtora também foi beneficiada pelo balanço do segundo trimestre de 2024 que, segundo o Itaú BBA, foi impulsionado por receita forte e vendas sólidas.

(com Reuters e Estadão Conteúdo)