(Reuters) – O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, reclamou de “quebra de protocolo” em reunião privada com executivos de banco e gestores de investimento, afirmando que declarações suas sobre chance de contingenciamento orçamentário foram mal interpretadas e replicadas de forma irresponsável.
Segundo Haddad, ao ser questionado sobre o assunto por um dos executivos presentes em reunião mais cedo nesta sexta-feira (7), ele respondeu que haveria a possibilidade do contingenciamento, pela própria dinâmica do arcabouço fiscal.
Questionado sobre interpretação que circulou no mercado de que o ministro teria indicado na conversa um abandono do arcabouço fiscal, Haddad disse que “isso é uma irresponsabilidade”, argumentando que a versão vazada foi o oposto do que ele afirmou no encontro.
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“Você não pode utilizar reunião fechada para depois vender para o mercado aquilo que não foi dito”, disse Haddad.
Segundo a agenda de Haddad, ele se reuniu com o CEO do Santander Brasil, Mario Leão, e vários outros executivos do banco e de gestoras de ativos, como Bradesco Asset, Itaú Asset, Ibiúna Investimentos e Verde Asset.
Haddad sugeriu que os jornalistas procurassem o CEO do Santander, frisando que foi “muito grave o que aconteceu”. O Santander não respondeu imediatamente a um pedido de comentário da Reuters.
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Mais cedo na coletiva de imprensa, Haddad já havia respondido a pergunta sobre a possibilidade de contingenciamento afirmando que isso poderia eventualmente ocorrer para assegurar o cumprimento das regras fiscais.
“Pode acontecer de ter que ter contingenciamento”, disse Haddad. “Você tem um marco fiscal, você tem que respeitar. Se você ultrapassar o limite estabelecido no marco fiscal, você tem que ter contingenciamento.”
Em seguida, diante de ruídos no mercado em torno de suas falas durante a reunião fechada, Haddad voltou a falar com alguns jornalistas sobre a conversa com os executivos.
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Em sua mais recente reavaliação das receitas e despesas orçamentárias do ano, em maio, o governo piorou sua projeção de déficit fiscal para 2024 – a R$ 14,5 bilhões – mas o dado seguiu dentro da margem de tolerância estabelecida pelo arcabouço fiscal, o que evitou a necessidade de contingenciamento.