Não é mais segredo que gestores e colaboradores sofrem de burnout.

Vários fatores podem contribuir para o burnout, incluindo questões individuais, organizacionais, da indústria e da sociedade. Normalmente, o burnout não é causado por um único fator, mas sim pela convergência de uma série de elementos que, quando não são abordados ou geridos ao longo do tempo, acabam conduzindo a pessoa a esse estado. É mais do que simplesmente se sentir cansado ou esgotado. Segundo a Organização Mundial da Saúde, o burnout compreende três dimensões principais: sentimentos persistentes de exaustão, sentimentos de ineficácia pessoal e o aumento do distanciamento mental do trabalho, geralmente manifestado por sentimentos de negatividade ou cinismo.

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Os impulsionadores específicos dentro de cada um desses três aspectos do burnout serão diferentes para cada pessoa. Seguem algumas perguntas para reflexão que você deve fazer a si mesmo para identificar seus próprios principais motivadores em cada aspecto do burnout. Embora as respostas às perguntas abaixo possam ser claras (quer imediatamente ou depois de alguma reflexão), elas provavelmente não representam uma solução rápida. Portanto, considere-as como um ponto de partida. E dependendo de quais são os impulsionadores, você pode ou não ter controle sobre alguns deles. No entanto, identificá-los é um primeiro passo essencial.

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Burnout no trabalho. (Crédito: Getty Images)

Sentimentos prolongados de exaustão

Isso é mais do que estar cansado no final de semana, ou mesmo no final de uma temporada movimentada. É uma sensação de esgotamento total ou fadiga decorrente de um longo período de tempo, sem períodos de recuperação adequados ou regulares. Se você está se sentindo perpetuamente exausto, pergunte-se:

— Quais são uma ou duas coisas que foram mais exaustivas ou estressantes para mim?

— O que tem me impedido de descansar adequadamente ou de fazer pausas regulares?

— O que me dá energia e está faltando no meu trabalho ou na minha vida?

A perda de energia que acompanha o burnout pode ser causada por uma variedade de fatores, como fazer o trabalho de um colega de equipe que tem baixo desempenho, quando esse problema não foi tratado de forma adequada. Ou talvez as expectativas do seu gerente – ou mesmo de um cliente – não sejam razoáveis e precisem de um ajuste. Talvez perfeccionismo, relutância em pedir ajuda ou incapacidade de recusar pedidos irracionais estejam fazendo você trabalhar mais do que o necessário, gerando trabalho extra que seria desnecessário e também estresse. Da mesma forma, se você se energiza com colaboração, com um trabalho mais criativo ou, por exemplo, com exercício físico, mas não incorpora nada disso em seu trabalho ou vida, não terá energia suficiente para se sustentar enquanto realiza outras tarefas exigentes, porém menos empolgantes, que precisam ser feitas.

Ineficácia pessoal

Quando você se sente como Sísifo, empurrando a mesma pedra morro acima todos os dias no trabalho, apenas para vê-la rolar de volta para baixo, isso não só gera grandes sentimentos de frustração, mas também reduz enormemente qualquer sensação de realização, produtividade ou significado que pode obter do trabalho.

Para entender o que está impedindo você de ter uma maior sensação de eficácia ou está criando atrito desnecessário, pergunte a si mesmo:

— Com o que me sinto mais ineficaz?

— O que é mais frustrante para mim ou o que me atrapalha?

— O que está consumindo bem mais energia do que deveria?

Esses sentimentos de ineficácia podem resultar de excesso de burocracia que atrasa processos ou cria atritos desnecessários na realização de tarefas aparentemente simples. Da mesma forma, algumas equipes ou organizações podem ter uma orientação excessiva para o consenso, levando a uma proliferação de decisões e reuniões intermináveis, quando na verdade nem todos precisariam concordar.

Ou, no caso de uma empresa de tecnologia com a qual trabalhei, os colaboradores compartilharam que eram feitas tantas mudanças que eles nunca sentiam que haviam realizado algo — o foco e o objetivo mudavam constantemente, deixando sem sentido qualquer progresso anterior que havia sido realizado para alcançar a última meta abandonada. Era o mesmo morro, mas uma pedra diferente.

Aumento do distanciamento mental

A última marca do esgotamento é essencialmente o desligamento, caracterizado por sentimentos de cinismo ou negatividade em relação ao trabalho. Embora algum distanciamento mental do trabalho possa ser saudável, como colocar o trabalho em perspectiva e não ter sua identidade muito envolvida nele, esse tipo de afastamento ou distância mental do trabalho é mais profundo e pode se manifestar como antipatia, aversão ou mesmo repulsa. Isso contrasta com o que todo empregador e colaborador desejam — uma sensação de engajamento, realização ou até mesmo orgulho pelo trabalho realizado.

Se você estiver enfrentando esse tipo de distanciamento mental do trabalho, pergunte a si mesmo:

— O que está me causando sentimentos negativos ou cínicos?

— Do que eu costumava gostar no trabalho, mas não gosto mais?

— Quando aconteceu essa mudança e o que a motivou?

Pode ser mais difícil identificar ou articular respostas a essas perguntas e provavelmente será necessário fazer uma reflexão mais profunda para descobrir o que está causando esse distanciamento mental. As respostas também podem ser informadas por algumas das respostas que deu para as perguntas acima.

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No final, fazer a si mesmo todas as nove perguntas o ajudará a descobrir os principais problemas para diagnosticar o que está causando o seu burnout. É provável que seja uma combinação de fatores que exige uma série de mudanças ao longo do tempo para resolver totalmente o problema, e não algo que férias possam reverter imediatamente. Uma coisa é não ficar com burnout, outra é se sentir reenergizado e reengajado. No entanto, este exercício serve como ponto de partida e pode informar as medidas que pode tomar para resolver o seu burnout e possivelmente evitar que volte a acontecer no futuro.

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Rebecca Zucker é coach executiva e sócia fundadora da Next Step Partners, uma empresa de desenvolvimento de liderança. Seus clientes incluem a Amazon, Clorox, Morrison Foerster, Norwest Venture Partners, The James Irvine Foundation e empresas de tecnologia de alto crescimento como a DocuSign e a Dropbox. Você pode segui-la no LinkedIn.

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