Após atingirem níveis recordes em 2024, os contratos de dólar futuro (DOLFUT) têm uma sessão de alívio nesta quarta-feira (03). Por volta das 14h50, operam com baixa de 2%, aos 5.578,00 pontos. O dólar à vista, no mesmo horário, recua 1,84%, cotado a R$ 5,56.
Segundo analistas técnicos, o movimento de hoje, porém, se assemelha mais a uma “correção” das recentes valorizações, do que à uma reversão da tendência de alta do curto prazo.
No acumulado deste ano, o dólar futuro acumula valorização de 12,4%, tendo acelerado seus ganhos a partir do mês de maio. Na véspera, a moeda, no mercado à vista, chegou a bater nos R$ 5,70.
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Os ganhos recentes da moeda norte-americana têm explicações internas, relacionadas à crise de confiança no governo, com o fiscal preocupando, mas também pelas recentes críticas do presidente Lula ao Banco Central, por conta dos juros elevados. Isso tem feito, por exemplo, os juros futuros pagarem um prêmio maior de risco, com o mercado precificando, inclusive, uma nova alta da Selic.
Enquanto isso, lá fora, o dólar encontra-se valorizado frente às principais divisas internacionais – ajudando nas perdas do real –, diante do cenário de juros altos por mais tempo nos EUA, o que atrai mais investidores à renda fixa local e aumenta a demanda e o preço da moeda americana.
O que esperar do dólar futuro?
Para entender as perspectivas de agora em diante do dólar futuro, os próximos passos do banco central dos EUA serão essenciais, já que podem trazer pistas a investidores globais sobre quando o Federal Reserve deverá começar o ciclo de corte de juros.
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“Tudo depende do que vier dos EUA. Pode haver uma pressão para baixo do dólar, se os dados (econômicos) vierem ruins. Isso pode antecipar uma queda dos juros e, por consequência, do dólar”, diz Rodrigo Cohen, analista e embaixador da XP.
“Mas, realmente, não é um cenário muito previsível. Não tendo previsibilidade, obviamente, isso faz com o dólar no mundo suba e no Brasil também”, complementa Cohen, citando que nesta sexta-feira (5) saem os dados de emprego nos EUA, o payroll, que devem trazer uma melhor sinalização sobre o momento econômico.
O cenário de alívio nesta quarta-feira encontra espaço pela menor liquidez em NY, com as bolsas encerrando pregão mais cedo e fechadas amanhã, por conta do feriado de 4 de julho. Essa menor volatilidade atinge também o mercado cambial.
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DXY
Antes de chegarmos aos gráficos em si do dólar futuro, é importante entender qual é a tendência do DXY, que é o índice global da moeda americana. Isso porque há uma forte correlação do comportamento do DXY com o desempenho do dólar em relação ao real.
Graficamente, conforme Cohen, como se observa no gráfico diário (logo abaixo) o DXY está em tendência de alta, que acontece desde o final do ano passado e, neste momento, se movimenta para romper a máxima de 2024.
Enquanto isso, na análise do gráfico semanal (logo abaixo), se observa a proximidade da máxima de 2024, com espaço para buscar também o topo de 2023.
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Conforme Cohen, mesmo “não sendo o cenário base”, o próximo topo seria na máxima histórica do índice, que foi em 2021. Para ele, porém, esse ponto poderia ser atingido apenas com uma nova escala global de tensões geopolíticas.
DOLFUT
Passado o exterior em revista, localmente a recente disparada da moeda tem relações diretas com o fiscal e o embate entre governo e Banco Central. Tanto que, nesta quarta-feira (3), a moeda americana perde diante da expectativa de alguma medida para conter a escalada do dólar.
Na análise semanal do gráfico do dólar futuro se observa que, após fazer mínima do ano em janeiro, disparou quase 800 pontos, desde então. E, graficamente, segundo Cohen, ainda há espaço para mais altas.
Conforme ele, traçando a máxima do índice, em 2021, com o momento atual (linhas vermelhas abaixo do gráfico, com canal de baixa entre 2021 e 2024), se observa um espaço para o dólar buscar a região dos 5.800 pontos.
“O dólar ainda tem um potencial de upside (valorização) de uns 100 a 120 pontos e depois voltar. Mas é preciso esperar para ver o que vai acontecer. Graficamente, ainda não há uma exaustão e pode ter força para subir mais”, disse, complementando que, acima deste patamar, poderia buscar os 6.000 pontos.
Consolidação
Depois dessa recente disparada, contudo, o analista técnico Guilherme Schrepel, da Investimentos 4YOU, alerta também para um possível movimento de consolidação, “visto que dólar futuro está em uma região de sobrecompra.”
“Além de testar alguns pontos de resistência em 5.67 e 5.74, deixou no pregão da véspera (terça, dia 2), um candle de indefinição, aumentando a probabilidade de termos uma pausa no processo de alta”, justifica.
Outro ponto relevante é a divergência existente do IFR (índice de força relativa) contra o preço. Enquanto o dólar vem realizando topos ascendentes, o IFR não captura esse mesmo sentimento (veja o gráfico abaixo), complementa o analista.
“Caso o dólar concretize essa pausa, o alvo na queda está em 5.48, podendo testar fundos maiores em 5.34. O cenário inverso, ou seja, da manutenção da alta, gera alvos em 5.92 e 6.18”, avaliou Schrepel.
Na análise semanal do gráfico, Schrepel pontua que se observa força compradora, o que vem levando o dólar a subir por sete semanas consecutivas. No entanto, acrescenta, agora chegou o momento de testar o topo do canal de alta (nas linhas azuis abaixo).
“Essa região já foi ‘rejeitada’ três vezes anteriormente. Isso sugere, portanto, mais ainda uma possível pausa (das altas). Mas dentro do cenário de médio prazo também podemos considerar que o dólar vem em uma tendência de alta”, complementa.
“Podemos considerar que o dólar está dentro de uma região extremamente importante, certamente é a região que vai projetar um possível dólar a 6.00 ou até mesmo a 7.00. Para isso, contudo, precisa apenas romper a região do 5.92. Com isso, deixaria para trás essa forte região para trás, escapando do canal principal (traçado em azul no gráfico acima)”, analisa Schrepel.
Minidólar em tendência de alta
Por fim, Pam Semezzato, analista da Clear Corretora, reforça que o minidólar, minicontrato da moeda americana, está em tendência forte de alta, e já trabalha em região de resistência, pelo gráfico sem ajuste, em 5.770.
“O movimento de alta já está um pouco esticado, mas ainda sem formação de reversão ou correção pelo gráfico semanal”, comenta ela, reforçando que “uma correção seria saudável.”
Pam destaca que, pelas retrações de Fibonacci, os pontos de atenção, agora, encontram-se nos 5.465 e 5.309,50, e nos 50% do movimento, em 5.387,50 (veja no gráfico abaixo). “Esses seriam pontos interessantes para uma correção mais profunda”, finaliza.
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