A Bolsa do Japão abriu em forte alta no pregão de terça-feira (5), com o país tendo doze horas a mais no fuso frente ao Brasil (por volta das 9h15), e o Nikkei chegou a ter um novo circuit breaker — mas dessa vez com uma movimentação para cima. Na véspera, o índice havia caído 12%, mas por volta das 21h30, avançava 7,39%.

Outros índices da Ásia também se recuperam. O Kospi, da Coréia do Sul, abriu em alta de 4,10%, após cair 8,77% ontem.

Analistas passaram a segunda falando em uma queda exagerada no país. No Japão, apesar do recuo, a visão era que parte da baixa se deu por um efeito cascata, com gatilhos de stops ativados em meio a baixa.

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“Vemos o que parece ser vendas forçadas de investidores de varejo. Eles parecem estar prejudicados”, disse Takatoshi Itoshima, estrategista da Pictet Asset Management. “Embora seja possível que estejamos alcançando um clímax de vendas no curto prazo, não posso ter certeza.”

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Um iene rapidamente fortalecido contribuiu para a queda nas ações, pois mingua os lucros dos grandes exportadores do Japão. O iene subiu ontem mais de 3% em relação ao dólar, atingindo seu nível mais alto desde o início de janeiro. Isso aprofundou a dor das famílias que especulam no mercado de câmbio.

“As pessoas que não têm muita experiência em investimentos podem não ter passado por grandes quedas de mercado como esta, então o choque pode ser bastante grande”, disse Masahiro Ichikawa, estrategista-chefe da Sumitomo Mitsui DS Asset Management. “Acho que levará um pouco mais de tempo para o mercado se estabilizar após quedas tão grandes.”

Estados Unidos longe de uma recessão?

Já o temor quanto a uma desaceleração da economia norte-americana, após um Payroll fraco na sexta, foi se dissipando. Especialistas enxergam que, apesar dos números do mercado de trabalho, a maior economia do mundo segue resiliente.

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“De forma geral, quando a gente avalia a economia dos Estados Unidos e essa reação do mercado, vemos essa reação como exagerada”, falou Francisco Nobre, economista da XP mais cedo na segunda.

“Apesar de o dado referente ao mercado de trabalho nos Estados Unidos ter vindo mais fraco do que era esperado, mostrando um arrefecimento, ele não sugere uma contração ou uma deterioração. Não passa a imagem de uma recessão e, por isso, achamos que teremos uma reversão parcial do movimento”, completou o economista.

A especulação sobre uma recessão iminente nos EUA nesta segunda — em grande parte vista como prematura — eliminou o clima de celebração impulsionado pelos recentes sinais do Federal Reserve sobre o momento de seu primeiro corte de taxa. A reavaliação foi tão acentuada que o mercado de swaps chegou a atribuir uma chance de 60% de uma redução emergencial de taxas pelo Fed na semana seguinte. Essas probabilidades diminuíram posteriormente.

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“A economia não está em crise, pelo menos ainda não”, disse Callie Cox, da Ritholtz Wealth Management. “Mas é justo dizer que estamos na zona de perigo. O Fed corre o risco de perder o rumo se não reconhecer melhor as fissuras no mercado de trabalho. Nada está quebrado ainda, mas está quebrando e o Fed corre o risco de ficar para trás.”

(Com Bloomberg)