O Brasil deportou um palestino suspeito de ligações com o Hamas e sua família a pedido do Departamento de Estado dos EUA, disseram fontes da Polícia Federal à Reuters nesta segunda-feira (24).

Muslim M. A. Abuumar, sua esposa grávida de sete meses, seu filho e sua sogra, foram detidos ao entrar no país no aeroporto de Guarulhos, em São Paulo, e colocados em um voo da Qatar Airways de volta a Doha no domingo, disseram as fontes.

“O pedido veio do Departamento de Estado dos EUA”, disse uma das fontes da PF com conhecimento direto do caso. “Ficou provado perante uma juíza que ele estava profundamente envolvido com o Hamas”, acrescentou ele.

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Uma juíza federal de São Paulo chegou a suspender temporariamente a deportação no sábado (22) e solicitou informações à polícia, que, quando fornecidas, a levaram a rever a decisão inicial e aprovar a deportação de Abuumar e sua família.

De acordo com o recurso judicial movido pelo advogado de Abuumar, Bruno Henrique de Moura, a família palestina foi detida pela polícia ao entrar no aeroporto de Guarulhos sem mandado. Dizia que vinham visitar o irmão dele que mora no Brasil.

Abuumar, de 37 anos, é diretor-executivo do Asia Middle East Center, sua esposa é malaia e seus filhos nascidos na Malásia, segundo o recurso.

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Uma fonte policial disse que Abuumar voou pela primeira vez para o Brasil no ano passado, chegando em 1º de janeiro, dia em que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva tomou posse.

O embaixador palestino em Brasília, Ibrahim Al Zeben, disse que ninguém contatou oficialmente a embaixada sobre Abuumar. “Confiamos na política brasileira”, acrescentou ele em mensagem à Reuters.

O advogado de Abuumar disse que a polícia brasileira “simplesmente concordou com um pedido dos EUA que tinha motivação política” e se baseava no nome de Abuumar que aparecia na lista de observação terrorista do governo dos EUA.

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“Os Estados Unidos usam esta lista para dificultar a vida dos ativistas pró-palestinos”, disse Moura.

A juíza Milenna da Cunha disse em sua decisão vista pela Reuters que a Polícia Federal recebeu um alerta da Embaixada dos EUA em Brasília de que “um operativo do Hamas, Muslim Abuumar” chegaria ao Brasil na sexta-feira vindo de Kuala Lumpur.

A decisão da juíza que aprovou a deportação citou, entre outras fundamentações, as postagens de Abuumar nas redes sociais sobre ele se reunindo em Doha com Ismail Haniyeh, principal líder político do Hamas.

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A magistrada também mencionou a suspeita da PF de que Abuumar estava viajando para o Brasil com sua família para que sua esposa desse à luz, para que facilitasse a permanência deles no país.

“No caso vertente, as informações foram prestadas pela Divisão de Enfrentamento ao Terrorismo da Polícia Federal, justificando a inadmissão dos impetrantes na existência de indicativos sérios de envolvimento de Muslim M. A. Abuumar com grupo terrorista, bem como na aparente incongruência entre o motivo alegado da viagem ao Brasil (turismo) e a quantidade de bagagem trazida pelos impetrantes, que, somado ao fato de Siti Aisyah Binti Mohd Munasa estar na fase final da gestação, indicariam que o grupo familiar pretende, em verdade, fixar residência no país”, considerou.

A magistrada afirmou ainda na decisão que, conforme dados da PF, de 2023 até o momento mais de mil palestinos foram atendidos nos postos de migração brasileiros e tinha ocorrido apenas um caso de impedimento anterior de ingresso no país por possível vinculação com grupos terroristas, destacando que o caso analisado por ela deve ser o segundo no período.

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A defesa de Abuumar chegou a falar no recurso em xenofobia em relação a seu cliente.