As negociações para uma possível fusão entre as companhias Gol e Azul avançaram, de acordo com a Bloomberg, que ouviu fontes com conhecimento no assunto. Em caso de confirmação do acordo, como ficariam os acionistas minoritários das aéreas?

Fernando Canutto, especialista em direito empresarial e direito societário do Godke Advogados, explica que uma fusão como esta pode ocorrer de várias maneiras – e influenciar o investidor de formas diferentes.

Se confirmado, acrescenta o advogado, o acordo poderia incluir a compra direta de ações, fusão de empresas, uma oferta pública de aquisição (OPA) para os acionistas da empresa alvo ou mesmo a combinação de ações das companhias.  

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A última hipótese, inclusive, é a citada pelas fontes da Bloomberg, que relatam que a holding Abra Group (controladora da Gol) repassaria as ações da empresa para a Azul em troca de uma participação na companhia aérea combinada.

No cenário mais provável, as ações da Gol (GOLL4) poderiam ser trocadas por papéis da Azul (AZUL4) com base em uma taxa de conversão predeterminada e de acordo com as condições da transação.

“Os investidores da Gol podem ter suas ações convertidas em ações da empresa adquirente, receber um pagamento em dinheiro, ou uma combinação de ambos, dependendo dos termos da aquisição”, detalha Canutto.  

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O que o investidor da Gol deverá fazer?

Em um cenário de negociação para o acordo de fusão, é importante o investidor da Gol acompanhar os comunicados da empresa e detalhes específicos da oferta.

“É importante prestar atenção em pontos como a relação de troca de ações, o preço oferecido e os prazos para aceitar a oferta”, recomenda Canutto. “Os acionistas devem também considerar os aspectos fiscais da transação e como o acordo afeta o valor de suas participações”, sugere.

Vale a pena comprar as ações da Gol agora?

Carlos Daltozo, head de research na Eleven Financial, recomenda cautela ao investidor que esteja planejando comprar ações da Gol pensando em uma disparada do papel – em caso de confirmação da fusão com a Azul.

Além do tamanho e da complexidade do negócio, ele vê desafios para a sinergia das duas operações e dificuldades para solucionar problemas como o endividamento de curto prazo da companhia – fatores que aumentariam o risco e retardariam possíveis ganhos com a empresa.

Na tarde desta quinta-feira (18), as ações da Gol (GOLL4) operavam com relevante alta. Os papéis registravam ganhos de 4,38% às 14h50. Já a Azul (AZUL4) acumulava perdas de 4,11% no mesmo horário.

E como ficam os atuais investidores da Azul?

Canutto afirma que a operação também pode ter impacto para os atuais investidores da Azul. Segundo ele, a aquisição deve afetar o valor de suas ações, dependendo de como o mercado percebe a transação e suas implicações para a saúde financeira e operacional da Azul.

“A aquisição pode levar à sinergia e ao aumento de eficiência, potencialmente positivos para o valor das ações, mas também envolve riscos e custos associados à integração das operações das duas empresas”, alerta.

Quais os próximos passos do acordo?

Apesar das informações da Bloomberg, Azul e Abra não quiseram comentar o assunto. A Gol não respondeu ao pedido de comentário. O possível acordo também deve passar pela análise do Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica). – que promete levar tempo, projeta Daltozo.

“A maioria dos assentos do País ficaria na mão de uma só empresa”, pontua o analista. “É preciso saber como o Cade atuará em relação ao acordo dado o nível de concentração que ocorreria no mercado brasileiro”, reflete.

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