O apresentador José Luiz Datena (PSDB), estreante em campanhas eleitorais, afirmou, neste domingo (15), logo no início de debate entre candidatos à prefeitura de São Paulo (SP), que “talvez” não tenha tido desempenho satisfatório nos outros confrontos com os adversários, mas associou o resultado com uma suposta falta de habilidade em “mentir”.
“Talvez eu não tenha me dado bem em debate porque eu não aprendi a mentir até hoje. Muita gente quer mentir para continuar no cargo, mentir para dizer que não vai cumprir muita coisa daquilo que prometeu”, afirmou.
As declarações foram dadas logo no início de debate promovido pela TV Cultura. Datena chegou ao encontro com campanha questionada após uma arrancada surpreendente. Com a evolução do período de propaganda, o apresentador foi perdendo terreno nas pesquisas com um desempenho considerado instável.
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Duas semanas atrás, em debate realizado pela TV Gazeta, Datena perdeu a paciência durante embate com o empresário Pablo Marçal (PRTB) e quase chegou às vias de fato com o adversário — e foi advertido por isso. O destemperado tem sido frequentemente lembrado pelo ex-coach durante as trocas de farpas de ambos.
No debate deste domingo (15), promovido pela TV Cultura, Datena tentou adotar postura mais fria e racional no início contra o adversário, mas não demorou para perder a cabeça.
No segundo bloco do debate, o sorteio colocou Datena e Marçal pela primeira vez frente a frente. O tucano tinha a oportunidade de fazer uma pergunta, mas disse que o oponente “subvertia” o debate e decidiu não lhe fazer nenhum questionamento.
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“Minha pergunta para o Pablo Marçal, até que ele mereça uma pergunta e se restabeleça o princípio democrático é o silêncio”, disse Datena.
Já na resposta, Marçal subiu o tom, apelidou o adversário de “Dapena” e o chamou de estuprador. O ex-coach afirmou que seu adversário responde por um processo de assédio sexual envolvendo uma ex-funcionária da TV Bandeirantes.
“Foi uma acusação que a Polícia não viu prova nenhuma, nem investigou, o Ministério Público arquivou o processo. A pessoa que me acusou se retratou publicamente em cartório, pediu desculpas para mim, para a minha família. Foi um desgaste grande para a minha família. Ser acusado de um crime desses é terrível, ela pagou uma transação penal, e o Pablo Marçal continua sendo ladrãozinho de banco, definitivamente acusado e condenado”, respondeu o apresentador.
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Na réplica, Marçal provocou o adversário lembrando do desentendimento do debate anterior. “No último debate, você veio até mim parecendo aquele cachorro que corre atrás da moto, e a gente descobriu que o cachorro só late e não fez nada”, disse.
Ele retomou a provocação no quarto bloco, quando o sorteio colocou os dois candidatos novamente frente a frente. Na pergunta, Marçal lembrou do histórico vacilante de Datena em sua vida política (o candidato já desistiu de se lançar em diversos pleitos) e declaração recente do adversário de que teria entrado em um pleito errado.
“A gente quer saber que horas isso vai parar. Já abandonou entrevista chorando. Você que é um cara que só fala quando tem uma televisãozinha escrevendo. Que horas o Datena vai acabar com essa palhaçada que está fazendo aqui?”, questionou.
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O apresentador, por sua vez, chamou o adversário de “Marçalzinho do PCC”, voltou a se defender do episódio da suposta acusação de assédio sexual e reclamou do adversário. “O que você fez comigo hoje foi terrível e espero que Deus lhe perdoe. Você me pediu perdão anteontem. Eu te perdoei. Agora não perdoo mais”, disse.
Na réplica, Marçal insistiu na pergunta e chamou o apresentador de “arregão”. “Você Você atravessou um debate nesses dias para dar um tapa e falou que queria ter feito. Você não é homem nem para fazer isso…”, dizia o candidato quando Datena avançou em sua direção e o atacou com uma cadeira.
Mediador do debate, o jornalista Leão Serva, imediatamente tomou a palavra e chamou o intervalo comercial. Na volta, comunicou que Datena foi expulso do evento por desrespeitar as regras e Marçal decidiu ser encaminhado ao hospital.
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“Senhoras e senhores, vivemos agora, neste intervalo forçado, um dos eventos mais absurdos da história da televisão brasileira provavelmente — certamente dos debates”, disse o mediador do debate na volta do intervalo.
Após o episódio, Datena disse que “perdeu a cabeça” ao se sentir agredido pelo adversário e que teria sido melhor “ter simplesmente saído e ido embora para casa”.
“Me senti agredido, vi a figura da minha sogra [que morreu após a acusação de assedio]. Infelizmente, eu perdi a cabeça. Não devia ter perdido? Acredito que não, poderia ter simplesmente saído e ido embora para casa, teria sido melhor”, afirmou.