A Volkswagen está encerrando as proteções de emprego para trabalhadores da indústria automotiva na Alemanha como parte de sua estratégia de redução de custos, preparando-se para um confronto com os sindicatos, enquanto a indústria mais importante do país luta por seu futuro.
A montadora anunciou nesta terça-feira (10) que cancelou vários acordos vinculados a um pacto de três décadas que deveria garantir os empregos até 2029. As garantias devem expirar até o meio do próximo ano.
O fim desses compromissos de segurança no emprego em uma empresa conhecida pela sua excelência em engenharia mostra o quão desafiadora se tornou a competitividade da maior economia da Europa. A BMW, por sua vez, reduziu suas expectativas de lucro para o ano após problemas com freios de seu fornecedor, a Continental, que resultaram em um recall de 1,5 milhão de veículos. Na semana passada, a VW anunciou planos para fechar fábricas na Alemanha pela primeira vez, após tentativas anteriores de cortar despesas não terem dado certo.
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As novas medidas visam “reduzir os custos na Alemanha para um nível competitivo”, disse Gunnar Kilian, chefe de recursos humanos da VW, em um comunicado.
O foco da VW agora é sua marca de automóveis de passageiros, que está enfrentando dificuldades, com margens de lucro sendo pressionadas em meio a uma transição lenta para veículos elétricos e uma desaceleração do consumo. As montadoras na Europa também estão lutando para competir com a Tesla e novos concorrentes da China, como a BYD.
Os cortes na VW são mais difíceis de implementar do que em outras empresas. Metade dos assentos no conselho de supervisão da empresa é ocupada por representantes trabalhistas, e o estado da Baixa Saxônia — que possui uma participação de 20% — frequentemente se alinha com os sindicatos. A montadora, que emprega quase 300 mil pessoas na Alemanha, defendeu seus planos de fechamento de fábricas, afirmando que as vendas de carros em queda deixaram a empresa com cerca de duas fábricas a mais.
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Os planos da VW podem resultar em custos adicionais não intencionais de cerca de € 1 bilhão (R$ 6,2 bilhões), de acordo com Thorsten Gröger, principal negociador do sindicato IG Metall. O fim das garantias pode levar a salários mais altos sob acordos de negociação coletiva anteriores, afirmou ele em uma declaração separada.
Embora a VW tenha afirmado estar pronta para iniciar conversas com representantes trabalhistas antes do previsto, como parte da próxima rodada de negociações, os sindicatos prometeram lutar contra o fim das proteções de emprego.
“Vamos oferecer uma resistência feroz a este ataque aos nossos empregos,” disse Daniela Cavallo, principal representante dos empregados da VW e membro do conselho de supervisão. “Com a gente, não haverá demissões.”
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