O dólar teve uma valorização expressiva ao longo do segundo trimestre de 2024, impactando os resultados de grandes companhias de capital aberto na Bolsa, como Usiminas (USIM5), Suzano (SUZ3), Azul (AZUL4), Braskem (BRKM5) e Petrobras (PETR4).
No primeiro trimestre, a moeda americana manteve-se, em média, cotada a R$ 4,95, enquanto ao longo do segundo trimestre subiu, em média, para R$ 5,22 – ocasionando perdas, relacionadas à dívida dessas empresas em dólar.
Ao final de junho, a moeda terminou cotada a R$ 5,59, uma alta de 11,6%, na comparação com o valor no encerramento de março, que era de R$ 5,01. E é exatamente essa posição que é informada, para fins de fechamento do balanço das empresas.
Neste terceiro trimestre, o dólar chegou a bater nos R$ 5,75, no início de agosto, o que poderia trazer mais perdas, para a última linha do balanço das empresas, com endividamento em moeda estrangeira.
Entretanto, nos últimos dias, o dólar passou a perder força, recuando a R$ 5,46 – cotação inferior à média, por exemplo, da registrada no começo do ano.
E a expectativa é de que a moeda americana siga perdendo força, o que deve trazer “ganhos contábeis” às empresas na próxima safra de balanços – caso esse cenário seja mantido.
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Confira, abaixo, alguns dos maiores prejuízos, por conta do dólar elevado:
Usiminas (USIM5)
A Usiminas foi uma das empresas mais afetadas, registrando um prejuízo líquido de R$ 100 milhões no 2T24, em contraste com o lucro de R$ 36 milhões no 1T24. A empresa atribui essa queda à piora no resultado operacional e à desvalorização do real, que aumentou o custo da dívida em dólar.
Além disso, o aumento nos preços das matérias-primas, especialmente o aço, elevou o custo de produção em 1% por tonelada. Cerca de 60% desses custos são atrelados ao dólar, o que agrava ainda mais o impacto.
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A Suzano reportou um prejuízo líquido de R$ 3,7 bilhões no 2T24, superando as expectativas do mercado. A desvalorização do real gerou um impacto de R$ 6,4 bilhões no resultado financeiro, refletindo a pressão sobre a dívida em moeda estrangeira.
No total, o resultado financeiro da empresa ficou negativo em R$ 11 bilhões, um aumento significativo em relação ao prejuízo de R$ 3 bilhões no 1T24.
A Azul enfrentou um prejuízo líquido ajustado de R$ 744,4 milhões no 2T24, influenciado tanto pelas enchentes no Rio Grande do Sul quanto pela forte variação cambial. A companhia aérea registrou um impacto negativo de R$ 3,1 bilhões devido à desvalorização do real.
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A alavancagem da empresa aumentou para 4,5x, com a dívida em dólares pesando no balanço. Sem a depreciação do real, o índice de alavancagem teria sido de 3,75x, estável em relação ao 1T24.
A Braskem também sentiu os efeitos da variação cambial, com um prejuízo líquido de R$ 3,74 bilhões no 2T24, em comparação às perdas de R$ 771 milhões no 1T24.
O impacto de R$ 4,5 bilhões devido à desvalorização do real foi o principal responsável por esse resultado, com as despesas financeiras aumentando 11% em relação ao trimestre anterior.
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Petrobras (PETR4)
Por fim, a Petrobras registrou um prejuízo líquido de R$ 2,605 bilhões no 2T24, impactada tanto pela adesão a um acordo tributário quanto pela variação cambial. A estatal teve um resultado financeiro negativo de R$ 36,4 bilhões, devido principalmente à desvalorização do real sobre sua dívida em dólares.
Apesar do prejuízo, que foi o primeiro desde 2020, a Petrobras espera que eventuais desvalorizações futuras possam ser compensadas pela receita, uma vez que o impacto no caixa imediato foi mitigado.
Qual é o efeito do câmbio nos balanços?
As oscilações cambiais têm um impacto direto nas demonstrações financeiras das empresas, principalmente naquelas com dívidas em moeda estrangeira.
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De acordo com as normas contábeis, o saldo dessas dívidas deve ser convertido para a moeda local usando a taxa de câmbio vigente no final de cada trimestre, independentemente do prazo de vencimento das obrigações ou se a dívida foi paga durante o período.
Sem “efeito caixa”
Esse ajuste contábil frequentemente resulta em perdas financeiras significativas, que são refletidas nos balanços, mesmo sem um desembolso de caixa imediato. Ao comunicar esses resultados aos acionistas, é comum que os gestores descrevam essas perdas como “meramente contábeis” e enfatizem que “não têm efeito caixa”.
No entanto, essa abordagem pode minimizar o impacto real que a desvalorização cambial pode ter na saúde financeira das empresas, evidenciando a necessidade de estratégias robustas para mitigar esse tipo de risco.