O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltou a criticar o governo de Israel, nesta terça-feira (23), pela ação militar na Faixa de Gaxa em resposta aos ataques terroristas perpetrados pelo Hamas em outubro do ano passado.

As declarações de Lula foram dadas durante discurso na cerimônia de anúncio de investimentos de R$ 79,3 milhões na Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), no interior de São Paulo, por meio do Novo Programa de Aceleração do Crescimento (Novo PAC).

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Ao falar sobre a guerra entre Israel e o Hamas, Lula comparou a situação na Faixa de Gaza com o estado em que encontrou o Brasil ao assumir a Presidência da República pela terceira vez, em janeiro de 2023, após o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

“O que eles fizeram depois do impeachment da Dilma [Rousseff], neste país, é o que [Benjamin] Netanyahu [primeiro-ministro de Israel] está fazendo na Faixa de Gaza. Quem está morrendo é soldado, é terrorista? Não, quem está morrendo são mulheres e crianças, vítimas de ataques de um governo que já foi condenado por um tribunal internacional”, afirmou Lula.

Na semana passada, a Corte Internacional de Justiça (CIJ), órgão jurídico máximo das Nações Unidas, afirmou que a ocupação de Israel sobre os territórios palestinos viola o direito internacional e precisa acabar “o mais rápido possível”.

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Ao contrário do Tribunal Penal Internacional (TPI), a CIJ julga Estados, e não indivíduos. A corte, no entanto, não dispõe de meios para aplicar suas decisões. Apesar dessa limitação, as deliberações têm peso internacional e servem mais como instrumento de pressão política.

“Não é o povo de Israel. O povo de Israel não quer guerra, quer paz”, prosseguiu Lula, ao comentar o conflito em Gaza. “É o governo [israelense], que é irresponsável e não tem sequer respeito pelas decisões da ONU”, concluiu o presidente.

Histórico de críticas a Israel

Não é a primeira vez que Lula sobe o tom contra o governo de “Bibi” Netanyahu em Israel. Em fevereiro, o petista comparou os ataques na Faixa de Gaza à barbárie praticada pela Alemanha nazista de Adolf Hitler contra o povo judeu durante a Segunda Guerra Mundial.

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Recentemente, Lula reforçou as críticas e disse que as ações do governo israelense em Gaza configuram um “genocídio”.

A resposta não demorou. Netanyahu disse que Lula “cruzou uma linha vermelha” e que a declaração era “vergonhosa e grave”. Na sequência, o ministro das Relações Exteriores israelense, Israel Katz, afirmou que o presidente brasileiro havia se tornado “persona non grata em Israel até que retire o que disse”. Dias depois, o chanceler chamou a comparação de Lula de “promíscua” e “delirante” e questionou: “Como ousa comparar Israel a Hitler?”.

Lula não se retratou, e o governo brasileiro decidiu chamar para consultas o então embaixador em Israel, Frederico Meyer, e ao mesmo tempo convocar o embaixador israelense no Brasil, Daniel Zonshine, para dar explicações. Além disso, o ministro das Relações Exteriores brasileiro, Mauro Vieira, criticou a postura do seu colega israelense. No fim de maio, Lula confirmou a retirada definitiva do embaixador do Brasil de Israel.