O presidente dos Estados Unidos Joe Biden buscou tranquilizar os eleitores sobre sua capacidade para o cargo em meio a crescentes pedidos de outros democratas para que ele desista de concorrer a um segundo mandato.
“Eu prometo a vocês, estou bem”, disse Biden, de 81 anos, a uma multidão reunida em um restaurante em Detroit antes de um evento de campanha.
“Fui o segundo homem mais jovem eleito para o Senado dos Estados Unidos. De qualquer forma. Agora estou velho demais”, disse o presidente. “Mas eu sei que, com um pouco de idade, vem um pouco de sabedoria.”
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Os esforços de Biden para abordar uma de suas maiores vulnerabilidades políticas destacaram até que ponto as questões sobre sua idade continuam a dominar a conversa política nacional, mesmo quando ele está ansioso para redirecionar a atenção dos eleitores para a agenda política de Trump.
Biden viajou para o estado-chave do Michigan para um evento onde planeja fazer um discurso criticando o plano “Projeto 2025” apresentado pelos apoiadores de Trump, que prevê deportações em massa, políticas culturalmente conservadoras e politização do serviço público, segundo autoridades de campanha.
O presidente tem enfrentado dificuldades para atacar Trump diante do crescente exame público sobre sua idade e competência.
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A viagem de Biden é sua mais recente tentativa de resgatar sua campanha de reeleição, que tem sido alvo de críticas de um número crescente de democratas que pediram para ele se afastar. Ela faz parte de uma maratona de viagens ao longo da próxima semana, destinada a demonstrar que ele tem a resistência necessária para liderar o país por mais quatro anos.
Biden continua determinado a permanecer na corrida, apesar de uma performance desastrosa no debate e de gafes que reforçaram a percepção de que ele é muito velho para ser presidente. Sua resistência tem desanimado membros do partido que desejam que ele desista para dar lugar a um candidato mais jovem.
A escolha do local pelo presidente apenas destaca essa divisão. Biden está programado para aparecer na mesma escola em Detroit onde, em 2020, ele estava ao lado de Kamala Harris e outras estrelas em ascensão do Partido Democrata e se autodenominou a “ponte” para a próxima geração de líderes do partido.
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“O que mudou foi a gravidade da situação que herdei em termos de economia, política externa e divisão interna”, disse Biden em uma coletiva de imprensa na quinta-feira (11), quando questionado por que não deixou a disputa. “Essa é a outra razão pela qual não entreguei para outra geração. Eu tenho que terminar esse trabalho.”
Biden e seus assessores têm trabalhado intensamente desde o debate de 27 de junho para convencer legisladores, doadores e eleitores de que ele é capaz de derrotar Trump em novembro e liderar os Estados Unidos.
A série de reuniões, comícios e entrevistas — além da primeira coletiva de imprensa solo do ano de Biden — não foi suficiente para acalmar os temores sobre sua acuidade e capacidade para o cargo. O representante da Califórnia, Mike Levin, em uma ligação privada na sexta-feira anterior com Biden e legisladores hispânicos, desafiou diretamente o presidente a desistir, segundo pessoas familiarizadas com a conversa. Levin emitiu mais tarde uma declaração pedindo que Biden renunciasse como candidato.
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O presidente planeja continuar lutando. Ele deve conceder uma entrevista à NBC News na segunda-feira (15), que será transmitida em horário nobre, após marcar o 60º aniversário da Lei dos Direitos Civis no Texas. Em seguida, ele viajará para Las Vegas para falar com dois dos principais grupos de defesa dos negros e latinos do país.
Biden piorou sua situação na quinta-feira ao confundir o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky com o presidente russo Vladimir Putin enquanto estava no palco com o primeiro na cúpula da Otan, e depois confundiu Harris com Trump em sua coletiva de imprensa. Essas gafes ofuscaram o que os líderes europeus disseram ter sido uma atuação forte de Biden no encontro.
Até agora, 19 legisladores democratas pediram publicamente para que Biden encerre sua campanha presidencial, incluindo três que o fizeram quase imediatamente após a coletiva de imprensa. A ex-presidente da Câmara, Nancy Pelosi, uma das democratas mais influentes, se recusou a oferecer um apoio enfático à candidatura de reeleição de Biden, afirmando que a decisão de permanecer na corrida é do presidente.
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O líder democrata da Câmara, Hakeem Jeffries, se reuniu com Biden na quinta-feira à noite para compartilhar “a amplitude total” das opiniões dos legisladores “sobre o caminho a seguir” para sua campanha, de acordo com uma carta aos colegas. A Casa Branca confirmou a reunião, mas se recusou a comentar os detalhes da conversa.
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