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As preocupações com o cenário externo já vêm sendo tratada há um bom tempo pelo Comitê de Política Monetária (Copom). Mas o ambiente doméstico vem ganhando relevância nos comunicados da diretoria do Banco Central.

Alexandre Maluf, economista da XP, participou do programa Morning Call da XP, e aponta algumas repetições na Ata do Copom divulgada nesta terça-feira (25) e também novas preocupações, principalmente relacionadas a questões locais.

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Corte de juros nos EUA é crucial

“Primeiramente, no cenário externo, a ata repete sobre o elevado grau de incerteza, inclusive o início de flexibilização monetária, de corte de juros nos Estados Unidos”, ressalta. “Isso é um ponto crucial para as economias emergentes”, disse.

“Mas o grande foco, sem dúvida, é sobre as questões domésticas. O cenário de Brasil tornou-se mais desafiador”, afirmou. O economista destacou que as expectativas de inflação expressas no Boletim Focus vêm subindo para 2024, 2025 e 2026. “A gente viu um processo de desancoragem semana após semana”, ressaltou.

Incerteza no fiscal

Ele também apontou um elevado grau de incerteza em relação ao fiscal. “Isso tem repercutido inclusive com uma depreciação do real ante o dólar”, disse.

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O economista da XP crê que esse tema do câmbio não tem só preocupado o mercado, mas o Banco Central. “A taxa de câmbio é uma variável muito relevante para a inflação”, afirmou.

Impacto do RS é duvidoso

Ainda, de acordo com a ata do Copom, Alexandre Maluf diz que ela traz “um elemento interessante, no que pese os cenários de incertezas, a questão do Rio Grande do Sul, que é bastante relevante”.

“A gente não sabe direito como isso [a tragédia climática no Rio Grande do Sul] vai se dar em impacto na atividade e na inflação”, comentou. O economista vê a questão do mercado de trabalho com menos destaque em relação à última ata, mas ressalta que ele segue num dinamismo bastante elevado.

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Revisão do juro neutro

Ademais, a ata trouxe ainda uma revisão com relação ao juro neutro, que saiu de 4,5% para 4,75%.

“Foi uma revisão bastante modesta. Isso implica que com a mesma Selic, a potência de desinflação é menor. O Banco Central há muito tempo não revisava esse parâmetro. É uma variável não observável, mas traz uma revisão mais modesta do que membros do mercado imaginavam”, afirmou.

Por fim, Alexandre Maluf disse que o documento reforça que a Selic deve ficar em 10,50% até o final do ano, pelo menos. “A gente não vê espaço para corte (dos juros) nas próximas reuniões”, concluiu.