Quando Barry McGowan se tornou CEO da Fogo de Chão, em 2018, a empresa acabava de sair da Nasdaq, uma das bolsas de valores americanas. Entre suas prioridades estava exportar a estratégia de gestão desenvolvida pela companhia dos Estados Unidos para o Brasil. Seis anos depois, ele desembarca no país para fechar o ciclo e mirar no próximo passo: expansão.

A reabertura do último restaurante da rede que ainda não havia passado por reforma trouxe o executivo para cá. Aliás, neste caso, a unidade de Brasília troca de endereço e se adequa ao estilo da operação americana, com bar de drinks autorais e petiscos para happy hour, churrasqueira estilo península e longa mesa de buffet para produtos frescos, como saladas e queijos.

O mesmo já havia acontecido com as outras sete unidades no Brasil o que resultou em um investimento acumulado, desde 2019, de US$ 25 milhões (R$ 131,12 milhões), entre remodelagem das unidades, capital humano, tecnologia e marketing. “Entra nesse valor o que investimos para passar pela pandemia, quando precisamos fechar restaurantes e dar suporte financeiro. Agora, as lojas estão crescendo organicamente, com um fluxo de caixa livre entre 15% e 20%”, diz McGowan em entrevista ao InfoMoney.

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Ainda neste ano, a Fogo de Chão deve abrir um novo restaurante no Brasil e, em 2025 mais uma ou duas unidades. O contrato para a unidade a ser aberta ainda em 2024 está próximo de ser fechado e, embora a empresa não anuncie a localidade, diz estar olhando atentamente para os mercados de Rio de Janeiro e São Paulo. Em média, o capex (gastos com bens de capital) para cada nova unidade é de US$ 8 milhões (R$ 42 milhões).

Nova unidade da Fogo de Chão no Complexo Empresarial Beira Lago, em Brasília. (Foto: Divulgação/Fogo de Chão)

Churrasco brasileiro fazendo gringo sambar

No Brasil e nos Estados Unidos – principal mercado da rede, com 68 churrascarias -, todas as unidades da Fogo de Chão são próprias, com eventual investimento de um parceiro local. Nas demais localidades, o modelo é de franquias.

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O rodízio do churrasco gaúcho com gestores americanos não é nenhuma novidade para o negócio. Fundada em 1979, em Porto Alegre, pelos irmãos Arri e Jair Coser, a marca inaugurou seu primeiro restaurante nos Estados Unidos ainda em 1997.

A dupla deixou completamente o negócio em 2013, quando vendeu a participação que ainda mantinha à FC Holdings. Em 2018, foi a hora de a Rhône Capital adquirir a companhia, por US$ 560 milhões. Em 2023, a Bain Capital foi quem deu saída aos antigos investidores por US$ 1,1 bilhão, publicou a Reuters à época.

IPO pode sair, mas depende de janela

No ciclo de investimento recém-iniciado, a Bain Capital quer manter a rede “sempre preparada” para uma nova oferta pública inicial de ações (a empresa teve capital aberto na Nasdaq de 2015 a 2018) e foca na criação de valor pelos próximos cinco ou seis anos. “Quando for o tempo certo, abrimos capital ou achamos outro veículo para continuar a jornada”, projeta McGowan. 

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Uma saída do fundo Rhône Capital por meio de abertura de capital era esperada pelo mercado, mas a janela para o IPO nunca se abriu.

Expansão internacional

Embora parte da valorização esperada venha do mercado brasileiro, o plano de expansão da Fogo de Chão é internacional: no início do próximo ano, devem ser inauguradas as primeiras franquias na Ásia e na Europa Oriental, além do Chile, na América Latina. Até o fim de 2024, espera-se que a empresa salte dos atuais 85 restaurantes para 100.

“Estamos ganhando participação de mercado nos Estados Unidos e também fazemos o mesmo no Brasil. A ideia é continuar nesse ritmo”, diz McGowan. Nos últimos anos, a empresa diz estar conseguindo manter margens mesmo com pouco repasse para os consumidores. 

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Desde 2019, a média de preço nos restaurantes da Fogo de Chão nos Estados Unidos aumentou 2,5%, enquanto dados da indústria consolidados pela National Restaurant Association (Associação Nacional de Restaurantes) mostram essa indústria atingindo um pico de apreciação em 2022, em um pico de 13,5% na comparação anual. O aumento dos preços, no entanto, vem desacelerando desde então.

(Foto: Divulgação/Fogo de Chão)

Uma das estratégias da empresa para conseguir manter margens é articular sua cadeia junto aos fornecedores locais, aumentando a variedade de cortes para diluir o preço daqueles mais caros. A ideia é manter cortes que já são oferecidos e adicionar novos preparos com uma opção mais barata. No Uruguai, por exemplo, foram desenvolvidas novas técnicas de cozimento para cortes menos nobres de cordeiro. “Assim compensamos a pressão de custo das costelas de cordeiro e o hóspede terá uma experiência melhor”.

A Fogo de Chão não abre resultados financeiros, mas diz que nos últimos cinco anos dobrou o faturamento e chegou perto disso com o Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização, na sigla em inglês).